Exposição.

Em uma exposição de arte, eu optei olhar pra você.

Em um show, na praia, no restaurante, no por do sol, eu insisto em olhar pra você. 

Estou sempre fazendo fotografias reais e mentais de você.

Eu te admiro mais e mais, te olhar é sempre minha primeira escolha.

Tenho aquele brilho no olho desde que me descobri apaixonada por você e desde então, poder te olhar, me conforta.

É que você me puxa com teu sorriso de lado quando te encaro, ou quando gargalha por minha voz rouca, te olhar e reconhecer seus tipos de sorriso. É que você irrita quando me imita ou apelida, mas te olhar ainda é a primeira opção.

E esses dias, antes de dormir, você reparou no quanto eu te olhava e encarava. Era exatamente mais um desses momentos, em que te olhar era mais precioso que qualquer outra coisa.

Tu mudou meu jeito de ver o mundo, trouxe ainda mais cores, percepções e texturas.

Nenhum artista da exposição citada, saberia colocar em uma tela a explosão de sentimentos, complexos e diferentes, mas inteiro amor. E assim, em cada vez que te olho, estou te amando mais.

Lembro.

Eu lembro de como tudo começou, lembro do que queríamos, - ou do que não queríamos. Lembro a dinâmica que estabelecemos juntos.

Lembro de ficar ansiosa pro próximo encontro, de ansiar a próxima indicação de filme e segui-la na ordem.

Lembro de ser fácil ter assunto contigo e de não entender nosso alinhamento com tantas diferenças. 

Lembro queteu beijo me arrepiava, que teu toque levava embora qualquer medo, que teu sorriso me transportava.

Lembro de anotar cada encontro, de tentar adivinhar quando nós veríamos novamente, de anotar as músicas que você me recebia quando eu chegava na sua casa e quais comidas eram as mais pedidas.

Tá, tudo bem, eu ainda sinto e faço a maioria dessas coisas, quase nada mudou. Eu sinto a mesma saudade e conforto contigo.

Lembro de muitas coisas nossas, e para alguém com a memória tão ruim quanto a minha, lembrar de tanto de nós é especial demais.

Pode parecer bobagem, mas nove meses de Fabrício na vida da Taty tem muito pra lembrar. E eu lembro que, desde que tudo começou, eu nunca duvidei que com você seria único.

Eu lembro do dia que descobri que estava te amando e desde esse dia, eu faço questão de lembrá-lo também.

E só pra você não esquecer: te amo.

Sem título.

Gosto de imaginar o dia em que o universo escolheu que seria interessante cruzar minha vida com a tua e me permitir.

Me permitir experimentar lugares e sentimentos. Me permitir te amar e fugir num final de semana pra se isolar ou para viver uma experiência nas alturas.

Te amar e sair da rotina, jantar na cama, entrar na piscina as 4h e assistir vídeos aleatórios de dança depois de um filme. 

Te amar e se desafiar a perder o controle, a se permitir ser cuidada e confiar. 

Te amar e acreditar em mim, em você, em nós.

Te amar é tão singular que tem permissão para ser plural.

Desejo.

 Frequentemente as pessoas tem me perguntado: “qual é o seu desejo?”

E como quem teria um gênio da lâmpada disponível, penso que se eu tivesse três, certamente pediria você em um deles.

Você e seus olhos de jaboticaba, seus cachos frontais, sua blusa da mangueira, seu carinho, sua paz e mais um final de semana em São Paulo.

Se eu pudesse, pediria você de barba mal feita, de calça e blusa polo, de cueca preta. Com aquela cara de quem não quer fazer barulho para não me acordar ou mudando a voz para me imitar.

Se eu pudesse, meu amor, eu pediria um pouquinho de você todos os dias.

Ocasião.

 Você é minha ocasião especial.

Não da para esperar o melhor momento, o melhor dia, a melhor condição climática.

Contigo é sempre o agora, sem pensar no amanhã.

Não tem censura, definição ou espaço para medo.

Tem desejo, pressa e vontade.

Tem a melhor roupa, a melhor comida, o sorriso mais alto e largo. 

Tem até uma certa irresponsabilidade leve, que permite toda intensidade.

Tem calma, tem cheiro, tem birra. Tem beijos.

Incontáveis, impetuosos e apaixonados.

De depois em depois, perdemos o agora. E eu não quero perder um segundinho de nós.

Listas.

Que eu sou a rainha das listas todo mundo já sabe. É lista pro mercado, pra compras do mês, afazeres, contas, metas, planejamento semanal, músicas, princípios e assim vai. O e-mail tem que estar zerado, o feed organizado, horários marcados.

Alguns dizem que é o signo, outros que é o temperamento. Eu digo que já nasci assim, tentando organizar e consertar as bagunças dos meus pensamentos tão rápidos e intensos.

É meu jeitinho de querer controlar tudo para não ser surpreendida, para que eu não fique sem resposta, para que eu esteja sempre pronta. Para que eu não decepcione.

A realidade é que tempos difíceis nos formam e recentemente eu aprendi que o longo prazo é longo demais. Que quanto mais eu penso no mês seguinte, menos eu aproveito o dia de hoje. Que quanto mais eu programo, menos o natural acontece. 

Nesses tempos difíceis e busca desenfreada pelo controle, descobri que eu sou a única pessoa que não posso decepcionar e que o natural é gostoso demais.

Olhares.

Eu lembro como hoje a primeira vez que te vi, nossos olhares se cruzaram e dali para frente não mais desviaram. Naquele primeiro dia as palavras foram poucas, contrariando todas que se sucederiam. 

Muita coisa aconteceu desde aquele 5 de fevereiro. E nenhuma delas estavam nos planos.

Hoje, nossos olhares se cruzam ainda mais perto, a ponto de um cílio bater no outro. 

Hoje, após muita troca de olhares, conseguimos saber quando o outro quer falar e, as vezes, até o que quer falar.

Hoje quando os olhos se cansam, a gente só fala “oi, amor” e fechamos, porque já foi dito tudo.

Hoje, não há nada que eu deseje mais que continuar cruzando contigo: os olhares, as palavras, a vida. Encostando em mim os cílios, o sorriso, o corpo. Cuidando desse laço originado dos nós da nossa vida.

Hoje, meu olhar te diz o que eu ainda não tive coragem de falar. Mas é fato, eu não quero te deixar.

Sem título.

Da minha paixão infantil ao eros maduro dos teus lábios, inclino meu corpo ao abismo da nossa relação. 

Damos voltas vazias, tentando não cruzar nossos passos em caminhos solitários, fugimos de nós. Até nos encontrarmos de novo, de novo e de novo.

Do infantil ao maduro, declino ao seu mundo ficando ao seu lado, olhando seus olhos, sentindo seu cheiro e desejando seu gosto. Horas ouvindo, horas falando, sempre partilhando.

Pois quando estamos presos em nossos braços e amassos, partilhas e desejos, entre prosa e verso, tudo faz sentido e o universo é o finito selado em nosso doce beijo.

Gostar de você.

 Eu falei que não queria me envolver. Que era passageiro. Eu queria.

Eu queria gostar menos das suas mensagens inesperadas. Queria não ficar ansiosa pelas terças-feiras que tradicionalmente nos encontramos. Queria que o sexo não fosse tão bom, que os seus tapas não fossem tão apropriados. Queria que tua barba não me arranhasse de um jeito tão gostoso e que seu abraço não levasse embora toda insegurança. Queria também que seus olhos não fossem tão profundos e que o beijo que você me dá na testa fosse ruim. Queria que o jeito que você me puxa pra perto incomodasse, que as conversas não rendessem tanto e que suas indicações de filme fossem péssimas. Queria que a gente se parecesse menos, que você não me compreendesse e que não fosse possível falar sério. Queria que suas piadas não fossem engraçadas, que teu riso não fosse leve e teu carinho fosse áspero. Queria que você dissesse as coisas erradas, que não lembrasse do que eu disse e não completasse minhas frases.

Queria gostar menos de você e do que construímos. Se eu pudesse, cumpriria o que disse de não me envolver.

Então não faria sentido desejar sentar no seu sofá, abrir um vinho e fazer planos. Desejar ser tua. Conhecer teus amigos, ouvir tuas histórias. Dançar com e para você, viajar.

Mas quer saber? Eu quero mesmo estar com você, agora. Vestida ou nua, tanto faz. Aqui ou no Rio, não importa. 

Sem medo, mesmo com as feridas abertas, mesmo sem acreditar em si. 

Aqui, eu e você, com passagem só de ida para nossa viagem pessoal, cheia de aventura, entrega e parceria, nas doses que você domina.

Quem sabe assim a gente não possa ser feliz juntos.

De interestelar.

Quando o vi sorrindo soube, no mesmo instante, onde se escondia o primeiro raio de luz do amanhecer, soube ali, que em seus lábios nascia o verão, que sua boca guarda o calor de um sol, ou melhor, de quantos sóis existirem nesse mundo. 

E se percebia isso não apenas em seu sorriso.

Percebia-se nos teus abraços calorosos, acolhedores, tão cheios de vida.

Percebia-se queimar uma paixão insaciável em sua boca, que de tão quente embriagava-se em beijos loucos, apaixonados, demorados, frustrados, raivosos e tantos outros quantos fossem necessários, desde que ainda fossem beijos. 

Eram tantos em tão pouco tempo que sua vida deveria ser estendida a eternidade para, enfim, encontrar a paz de um bendito beijo acalentador de seu espírito demasiado livre.

Pra ele.

Em dias que tudo da errado, só o seu abraço me parece certo.

Mas logo com você, que é aberto ao incerto, não julgando se aquilo é correto desde que seja concreto.

Não havia pretensão, porém me ganhou a ponto deu não conseguir te dizer não. 

Em um gesto de gratidão, passei minhas mãos no teu cabelo querendo quebrar o gelo, suas mãos no volante e eu querendo eternizar aquele instante.

Cuida mesmo quando precisa de cuidado, escuta com sua dor no bolso e oferece um abraço.

Voltamos ao teu abraço, que tem braços quentes e coração descompassado, juntos parecíamos um nó embolado. Mas tá tudo ok, o dia terminou bem, afinal, acabou ao seu lado. 

Detalhes.

Não sei se sou intensa por me apegar a detalhes ou se ser intensa me faz me apegar aos detalhes. Tanto faz.

Eu lembro do cheiro da pipoca no corredor do cinema. 

A forma como os braços ficaram posicionados durante a conversa. 

A música que estava tocando durante o beijo.

A cor do céu naquele dia incrível.

O toque macio do tecido da roupa.

O jeito que as pernas se balançam na trilha sonora preferida.

O jeito de segurar o copo.

A mensagem inesperada.

Eu me apaixono pelos detalhes. Volto no tempo com eles, revivo memórias. Vou tentando encaixar as coincidências entre eles para criar a história e me divertir pensando no futuro. Torcendo para que venham muitos outros detalhes.