quinta-feira, 31 de março de 2022

Miserável.

 Eu sempre fico assustada com minha miserabilidade.

É desconfortável o quanto ela mexe na minha vaidade e independência.

O deserto me encontra para me mostrar que eu não sei nada e que planejar não faz tanto sentido assim.

Viver essa miséria dentro de um período quaresmal é infinitamente mais dolorosa. 

Me faz olhar pra perto, me revolta. 

Há tantos porquês sem respostas. 

Há tantas perguntas que não deveriam ser feitas.

Há tão pouco de bom em mim.

Sobra choro engolido, força inexistente e uma naturalidade não saudável. 

Sobrevive uma fé desregrada, originada por um desejo de paz mas com total descompromisso. De quem procura quando precisa. 

Aceitar que falhei quando mais preciso acertar, é doloroso. 

Por onde meu coração vagou até te pedir pra renovar meu sorriso? 

sexta-feira, 18 de março de 2022

90 dias.

Chegamos ao três meses sem nós dois.

Já temos o mesmo tempo separados que passamos no namoro.


Já são 90 dias tentando te esquecer.

Provando outros beijos, sentindo outros gostos.

Lembrando sempre do seu. Buscando a emoção da vida contigo.


3 meses é só um número seco, frio. 

Assim como você se tornou depois de tudo. Depois que nos tornamos nada.


Um número que eu não queria estar contando, de uma saudade que eu não queria estar sentindo, para uma vida que eu não queria estar vivendo.


É você, e o homem pelo qual me apaixonei, que mora em mim.

Que ainda está nos meus sonhos e pensamentos. Que eu me esforço para não pensar, mas tem tanto de você.


O mesmo homem que eu e você, não sabemos onde achar. E por isso, a melhor alternativa, é deixar ir.


Para que eu redescubra o que ficou depois que você decidiu ir.

quinta-feira, 10 de março de 2022

Nós dois.

Eu vivi todos os clichês possíveis. E acabei de descobrir assistindo o maior deles: "Ele não esta tão afim de você".

Eu ouvi coisas que só via minhas amigas falar. Ou em filme. Ou numa vida muito distante da minha, em que o desinteresse era claro.

Iniciei com todo desapego possível: vai ser só uma ficada.

Não foi.

Acreditei que não me apaixonaria, porque estávamos alinhados de que não estava pronto.

Me apaixonei.

Disse que deixaria acontecer, que não ia me importar com definições.

Viagens marcadas e um desconforto por não ter rótulo.

Não me incomodava com as viagens, ausências, desapego.

Não ouvi quando disse que me magoaria. Coloquei significado oculto em cada coisa.

Tá tudo bem não ter pedido de namoro, já temos tudo que um casal tem, né? Até o dia que você disse que guardou um filme para assistir com a namorada.

Avançamos, segui feliz. Eu era a exceção. Eu estava namorando depois de sete meses ficando, ouvindo que estava sendo enrolada. Valeu a pena ter esperado.

Seguiram os “não é o momento”, “está cedo”, “você não sabe se comunicar”, “preciso de espaço”. 

Vieram também os “não sou romântico”, “você faz demais”, “não precisamos de foto”.

Comecei a achar que havia algo errado comigo. E topei me adaptar a essa nova realidade. Era um homem experiente me guiando, era hora de eu fazer algo novo.

Você falou para eu ser otimista e confiante, me falou para acreditar em mim e enxergar a mulher incrível que eu era. 

E cada vez que você dizia que não era o que eu queria, eu dizia que você bastava. Mas não acreditamos nisso. Não fui suficiente para você.

“Você vai me agradecer por ter saído da sua vida”, “você vai ser incrível para alguém”, “isso vai passar e você vai ser feliz”.

Quando eu não queria agradecer, quando eu não queria que passasse, quando eu queria ser incrível pra você.


Eu achei que eu era a exceção. Eu quis tentar.

Eu justifiquei cada sinal de que mais uma vez não era amada. Acreditei que eu era única, que era especial. 

Acreditei que conseguir te acessar era o suficiente. Que te escrever e tocar te faria querer durar.

Acreditei que minha forma de te amar, facilitaria nosso compromisso.


Achei que por ter cuidado, era amor.

Achei que por ter química, era amor.

Achei que por ter amizade, era amor.

Achei que por ter romance, era amor.


Eu não era a sua exceção, eu era o seu padrão se repetindo. Fui dispensável, você venceu.

E eu não posso tentar te dizer pra ficar, você sempre vai embora. Você se acostumou a ir, sorte de quem você escolher ficar.


O seu pouco, foi muito pra mim.

Eu sonho em ser sua exceção. Eu queria nosso final feliz, juntos.

Por enquanto, meu final feliz é só seguir em frente. Sem perder a esperança em mim.

sexta-feira, 4 de março de 2022

Respostas.

Não faço nada esperando algo de volta. Faço porque me sinto bem fazendo o bem para quem amo. Faço, porque apesar de remar contra a maré, acredito demais no que se sente. Faço porque sempre acreditei que não perdia por amar. Errei. Quando sou impedida de fazer, perco ali um pouquinho de quem sou. No vazio que fica, ausências de respostas de perguntas que não deveriam existir. Como amar pode significar não estar junto? Como silenciar quando o coração grita? Como esperar o tempo quando se tem urgência? Como entender que não falar é resposta? Desconstruir conceitos, ressignificar histórias, recomeçar. Entender a hora de se retirar, ainda que custe. Ainda que seja a última coisa que quer fazer. Controlar a ansiedade, respirar. Uma, duas, três vezes. Olhar ao redor, fechar os olhos, se resgatar e entender que não importa, eu vou sempre amar.

quarta-feira, 2 de março de 2022

30 anos.

Como vocês devem saber, dia 20 foi meu aniversário. 

3 décadas que pisei nesse mundo.


Ter 29 anos foi incrível, melhor do que eu podia imaginar. 

Pude fazer o que mais me inspira: sentir. Amar. Viver. 

Ser intensa.


Mas o tempo da versão 29 tava acabando. 

E eu nunca precisei refletir tanto. Tão rápido. 

A crise dos 30 chegou antes mesmo da idade nova. 


Doeu, foi difícil, foi intenso. 

Foi exatamente do jeito que sou. Um turbilhão.

Do nada, chorava. Tive crises de ansiedade, a terapia castigou.

Perdi peso e sono. 


Pensei em toda minha trajetória pra chegar aqui:

Ufa, sobrevivi. Nossa, quanta coisa pra consertar.


Eu fico maluca pensando nisso, o que eu fiz para estar nesse lugar? 

Não da para saber se é certo ou errado, mas é meu.


E depois de tantos desafios, de tempestades e noites em claro,

vem o sol e a forma como eu me conecto com ele.

O sorriso vem junto. 

E a gente já não sabe mais onde o sol nasce ou se põe, 

perdido na beleza que é dele, mas também minha.


Ainda dói, mas a calmaria veio. 

Ela sempre vem.


Entre o “aprendi, mas preferia ter ficado burra” e o “a dureza nos deixa mais leve”, a vida continua.

As reflexões também. 


Eu sei que é bom estar aqui. Mas também não é. 

Ao menos, o desconforto sempre me moveu. 

O querer mais. Amar mais. Viver mais. 

Prometo a vocês que seguirei tentando.

Sentindo.

E as vezes escrevendo e dividindo aqui com vocês, sobre a beleza que existe nesse vai e vem.

Obrigada por dividir a vida comigo.

Que a próxima volta ao sol seja leve. 

Mas se não for, 

Temos todo tempo do mundo!

Que venham as próximas décadas :)